24-Março-2019 - rcaap.pt
As temáticas abordadas neste presente documento estão relacionadas com a questão do belo e do feio, a melancolia, a questão do vazio e vanitas assim como a aceitação da perda; em soma, da relação do sujeito com a ideia de finitude. É abordado o corpo como natureza morta literal, enclausurando o tempo e a morte numa encenação grotesca, o que potenciou posteriormente outra série de repetição de moldes sobre o corpo. O intuito não foi reproduzir o cadáver, mas sim representar a ausência do mesmo. O vazio permanece, acentuando a ausência vs presença, permitindo assim uma introspeção dos assuntos que se ligam intimamente (ou subjetivamente) a cada observador. Na representação de vanitas, a reprodução de naturezas mortas convida o observador a uma reflexão imediata sobre a mortalidade e a inutilidade dos bens e prazeres mundanos, através do uso de objetos simbólicos. É abordado ainda a questão do tempo e do seu termo – em como a vida é fugaz e a morte, aparentemente eterna. O informe foi explorando através do confronto ambíguo entre algo que nos é intrínseco, ao naturalismo do ser, mas que se torna em simultâneo repulsivo. São utilizados excertos abstratos, enaltecidos pela sua plasticidade visceral e orgânica, oscilando entre o vivo e o morto, a repulsa e a conexão. A noção de feio que nos remete à nossa insuficiência, fragilidade e imperfeição, e a noção de belo, do que é agradável e polido, estão presentes como suporte contínuo de enquadramento do trabalho desenvolvido, sustentado por referências teóricas aos temas apresentados.